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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Açafrão de Outono



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Era perfume que lhe dava,
Perfumadas pétalas do seu amor,
Demasiado tarde viu que lhe faltava,
O perfume único da sua única flor,
 E começou a odiar!...

Nada mais tinha para dar,
Um anjo ainda lhe rogou: -Por favor,
Deixa-me ser a esquecida sepultura da tua dor,
E cobre-me com todas as flores que puderes beijar,
Não deixes que, nem uma só, morra sem sua cor,
Beija-lhes cada pétala que te quer perfumar,
Vê em cada flor, pétalas de mim!...

Cultivava em seu misterioso jardim,
Flores de mármore e um gélido mistério,
Insensível à lisa palidez do cabo de marfim,
Da sua vassoura feita com inodoro jasmim,
Varria pétalas vivas de odorífero adultério,
Sepultura aberta de um vazio sem fim,
  E da flor enterrada em seu cemitério,
    Depois de uma vida fugaz!...

Talvez repouse em paz,
Entre folhas caídas, ao abandono,
Reclamada por tantas dores e sem dono,
Nada sabia sobre se matar a dor seria capaz,
Tímida, renasceu uma pequena flor lilás,
  Poder sensível do açafrão de Outono!...

Talvez antes que a morte aparecesse,
Desaparecesse tanta dor da morte,
  Para que a morte não doesse!...
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domingo, 1 de novembro de 2015

"Cuspo na Tua Sepultura"

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Nesta terra com que te enterrei,
Terra onde não há vida nem apreço,
É a terra que me deste e eu escavei,
É só tua a terra que da cova eu tirei,
Terra que por ser tua não mereço,
E por ser tão tua, tua terra te dei,
    Terra que eu não esqueço!...

São teus ódios, agora, de terra
Nesse coração de terra infecunda,
Onde minhas mágoas foram enterradas,
Com a terra de tuas suspeições infundadas,
    De onde nasceu minha felicidade profunda!...

Trago as cicatrizes profundas que me deixaste,
Na alma que, sem tu saberes, Deus me deu,
Trago-te a terra que para mim compraste,
Nada quero do que comigo gastaste,
Com todo o desprezo que era teu,
    Tão teu que, com o meu ficaste!...

Só não te trago paz, meu amor,
Deste céu para o inferno onde estás,
Todos os dias desenterraste a triste dor,
    Desta que todos os dias terra te trás!...
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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Órfãos da Primavera



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Uma filha órfã de uns e outros pais,
Para alimentar seus filhos pequenos,
Vendia-se a quem prometia pagar mais,
Triste era a entrega e achavam ser demais,
    Pagando a promessa por muito menos!...

Começou por alugar partes do corpo,
Aos olhos que mais partes queriam comer,
Promessas de pão com fartura fizeram-na crer,
Na necessidade de vender-se a qualquer porco,
Até nada restar do que tinha para vender!...

Quando as dezoito primaveras floridas,
Deram as boas vindas à sua maioridade,
Seus filhos já eram flores entristecidas,
    Desflorados na sepultura da mocidade!...

Campos de flores escondem a saudade,
Com as primaveras das crianças suicidas,
Ninguém evoca ter violado por caridade,
    As três Primaveras órfãs da puta da vida!...
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