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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Talvez Apostasia

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Lá do alto, onde a cegueira o via,
Ele observava do seu altivo olhar,
Do alto a baixo, fé perpendicular,
Uma linha, o caminho da idolatria,
Perfeito em sua forma de fantasia,
Até que algum corte fizesse falhar,
     Tanta fartura de fé, luz de cada dia!...


Pura, a carne virgem na horizontal,
Deitada num desejo que a despia,
Fitava o brilho do que a confundia,
Todas as estrelas do seu céu carnal,
O desejo e a confusão,
 O pecado e a confissão,
O medo do corte, castigo corporal,
E o sangrar do corte que não queria,
Corte que já fora perfeito e vertical,
O seu acto de contrição,
  Talvez a liberdade, talvez apostasia!...
 
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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Degraus da Fé... (essas Pedras de Coração Aberto)

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Às vezes, dava por mim perdido,
Ali, num lugar privilegiado da história,
À procura das estórias de santo sossego;
Embala-me cada degrau onde me aconchego,
E subo entre memórias ao encontro da memória,
Seguindo a luz padroeira que amamenta a trajectória,
   Até ao efeito mais profundo, lá no alto de Lamego!...

A mais pequena pedra de cada monumento,
Era uma pequena parte do rosto de alguém,
Quase podia sentir em mim, cada momento,
Olhares das almas gravados num fragmento,
Meus olhos procurados pela alma, também,
Para serem as testemunhas do sacramento,
    E, juntos, subirem até ao amor de Mãe!...

Imagino incrustar-me no rosto da fé anunciada,
Esculpir-me na promessa e ser degrau contemplativo,
Sentir as dores sobre cada degrau de dívida saldada,
E obter uma resposta diferente da sempre dada,
Por cada lágrima de pedra no rosto meio vivo,
Uma atrás de outra lágrima ressuscitada,
   Até ser divino remédio compassivo!...

Aproximo-me, pé-ante-pé,
Observo pecados intermédios,
Assediadores são vítimas de assédios,
Mercadores crentes no amor da sagrada Fé,
  Em Nossa Senhora dos Remédios!...
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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Como Podes...?!

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Como podes julgar-me?!...
Julgar minha Fé expurgada,
Livre das tuas doutrinárias razões,
Que obedece ao canibalismo das comunhões,
Sem razão nem razoável clemência comungada,
Apenas temente à obrigação das cegas adorações,
Da configuração dos homens em suas prisões,
Configurados em cada palavra configurada,
Como se tua palavra fosse sagrada,
        Em teu juízo de divinas privações?!...

Como julgas, julgar-me?...
Julgando como aquele que te julga,
Esse que te obriga a escravizar-me,
E toda a liberdade da fé promulga,
    E da fé decreta libertar-me?!...

Como podes castigar-me,
Se nunca foste castigado?!...
Como podes reconhecer a razão,
Se a razão é um elo quebrado,
Na corrente da manipulação,
Inquebrável, sem nação,
O poder do enviado,
Imposição do diabo,
    Excomunhão?!...

Excomunhão!...
Como podes excomungar-me,
Excluir a minha Fé do Caminho,
Se sinto nosso Deus convidar-me,
    Para comer o Pão, beber o Vinho?!...
Ele é a fome que está a tomar-me,
É a sede que quer saciar-me,
É o murmúrio de carinho,
Que me alivia do teu espinho,
O teu julgamento de crucificar-me,
    Só porque julgas eu acreditar sozinho!...

Como podes libertar-me da minha liberdade,
Sem enclausurar a minha esperança em Deus,
Se não tens lugar à mesa da divina verdade,
    Onde não senta a crença de amigos ateus,
        Amigos teus sem dó nem piedade?!...

Como não é possível julgares-te,
Como podes não castigares-te,
Não excomungares-te,
  Ou libertares-te?!...
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terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Não Sei o Que Dizer

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Tantas são as palavras de amor,
Tão pública a compaixão pelo mais pobre ser,
E, não sabendo, aqui estou eu sem nada saber,
Pouco ou nada sei, afinal, sobre a explícita dor,
Pouco sei do que sabe Deus e Nosso Senhor,
Nem sei com quantas palavras fazer,
O que não faço por não perceber,
As silenciosas Palavras do Criador,
E ao seu sábio silêncio me submeter,
Na esperança de ser-me posto ao dispor,
A Fé inabalável de jamais deixar de crer,
Nesta alma aprisionada em meu exterior;
-Liberta minha Alma em meu interior,
Anseio por meu coração enternecer,
Liberto do limite, fazer-me crescer,
Ser como teu terno coração acolhedor,
Onde eu acolha toda a vontade de merecer,
Tua divina força que me convide a fortalecer,
Até à força de ajoelhar-me como humilde vencedor,
Até ser capaz de todas as fomes, humildemente, vencer,
Derrotar, meigamente, guerras e provar o divino sabor,
    Do que a tua doce bondade me possa conceder!...

Não sei que dizer,
Desta fome que não pára de alastrar,
De todas as lágrimas que já deixaram de brilhar,
Das crianças que deviam ter lugar em nossos corações,
As nossas crianças que não aprenderam como não chorar,
Choram por todas as lágrimas ausentes de todas as nações,
Só não aprenderam a chorar pelas suas cruéis privações,
Não sabem a quem suas lágrimas, brilho estão a dar,
Lágrimas cantadas em valiosas canções,
Música e diamantes que a fome continua a alimentar,
Sobre tocantes lágrimas de caridade, erguem-se instituições,
Em nome de Deus e dessa caridade incapaz de ajudar,
O coração sem Alma de todas as frias emoções!...

E esta minha vergonha que não pára de crescer,
Cercada por terços feitos de lágrimas em suas orações...
   Diz-me Tu, meu Deus, porque eu não sei o que dizer!...
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domingo, 7 de agosto de 2016

Autómatos de Deus

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O autómato sintomático,
Com sintomas de automatismos,
Faz um discurso automático,
Cheio de preciosismos!...

Invoca automatismos de Deus,
Como se os autómatos fossem todos ateus,
Faz-se crer um enviado de deus e autónomo,
Sabendo-se um religioso heterónomo,
De automatismos que não são seus,
Preçário automático de fariseus,
Preço de obediente ecónomo,
   Títere articulado por judeus!...

E não faz perceber que se apercebe,
De ser um frio autómato programado,
Em sua celebração os autómatos recebe,
  Fala-lhes dos autómatos, mas nunca da plebe,
Esse rebanho autómato por autómatos orientado,
Automatizando a liberdade desse cordeiro sacrificado,
Obrigado a ser autómato que sangue de Cristo bebe;
É o corpo sem alma,
Corpo que se espalma,
Entre a prisão e a consciência,
Onde se move com triste calma,
Envolto nesse véu de reminiscência,
Quase Espírito sem coexistência,
     Que a razão autómata desalma!...

Passo a passo,
Assoberbam-se do seu Deus,
Nada mais cabe em corações seus,

  Nem para a verdade de Deus têm mais espaço!...
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domingo, 9 de agosto de 2015

Tão... Tantas, as Almas...


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Tantas almas perdidas,
Á espera das despedidas,
Tantos, os lenços sem dono,
Tantas, as almas ressentidas,
Á espera do seu fiel patrono,
Tantas, as almas ao abandono,
Tantas, as primaveras fingidas,
Á espera de um triste Outono,
   Tantas são as árvores despidas,
Por seus deuses em seu trono,
     Tanta fé à espera das partidas!...

Tanto santo lenhoso,
Tanta santa de porcelana,
Á espera do machado piedoso,
Á espera da beata pedrada insana,
Tão lenhosa é a pobre alma humana,
Tão insignificante é o lenho milagroso,
 Á espera da religiosa alma profana,
  Tão profano é pecado religioso,
     Que por Deus se engana!...

Tão pouca fé no semelhante,
Tão pouca fé na fé viva da Vida,
Tanta é a fé no caruncho cintilante,
Tão pouca é a fé na fé d’Ele renascida,
Tanta é a fé na vaidade degradante,
     Tão pouca, a fé em desgraça caída!...

Tão perto está o pessimismo,
Tão longe está o pessimista,
Tão perto está o abismo,
Tão longe o humanista,
     Tão em nós, o egoísmo!...

Tão ocos de alma,
Tão vazios da verdade,
Tão insaciáveis de vaidade,
 Que nem Deus os acalma,
      Em sua infinita bondade!...
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quarta-feira, 13 de maio de 2015

Exclusão do Olhar


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Dentro de si,
O sangue corre fora de ti,
Arrefece os caminhos para o peito,
Excluíste do teu coração, o calor e o respeito,
Exclusão que dentro dos excluídos eu vi,
     Incluída fora do pensamento desfeito!...

Vejo-te viver sem qualquer razão,
Respiras caminhos que não sentes,
Vejo-te viver em anuente exclusão,
Há um caminho ao qual tu mentes,
Vejo-te viver sem coração!...

Só vês caminhos recalcados,
E te decalcas em passos perdidos,
Apenas consegues ver objectivos repetidos,
E antes de chegares aos milagres imaginados,
Vais perder-te entre vivos caminhos truncados,
Onde a esperança dos teus olhos desfalecidos,
Pela esperança dos seixos da vida cegados,
    Acaba entre sonhos nunca cumpridos!...

Nunca observaste a vida nos caminhos,
A meta brilhava com uma intensidade maior,
Não viste a exclusão dos que caminhavam sozinhos,
Nunca te deste conta de um caminho melhor,
De todos os caminhos escolheste o pior,
   Caminhar sem sentires os espinhos,
       Nem a flor regada com o teu suor!...

As velas iluminam a triste cegueira,
Os olhos vão derretendo à vista das velas,
Há uma luz divina que, de muito longe, se abeira,
Entre a luz dos olhos e a da alma há uma fronteira,
Ninguém cruza o limite de suas lágrimas singelas,
Enquanto ardem os pecados em cada uma delas,
A cera vai cobrindo uma arrefecida vida inteira,
      Que se derrete à luz das coisas mais belas!...

Um sorriso cheio de luz,
Mães acolhedoras à luz do dia,
A luz que ilumina o caminho da cruz,
Os passos, as Mães, a caminhada macia,
A humildade que não se enfastia,
O Pai e o Pão!...
A partilha e a razão,
O amor que não se esvazia,
Todos os caminhos do coração,
O sangue livre, de uma vida sadia,
Todas as luzes sem ilusão,
A luz nunca tardia,
     Nunca a exclusão!...

    


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